sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

INTRODUÇÃO

Este trabalho versa sobre as funções e competências de cada profissional da equipe administrativa da escola.

Nele utilizaremos textos e conceitos apreendidos no decorrer da disciplina de Estágios II, e a pesquisa em outros autores como referencial para o entendimento de cada função.

Também nos basearemos em entrevistas feitas com a diretora e dois professores da Escola Municipal de Educação Infantil Mutirão de Santa Vitória do Palmar, com a finalidade de averiguarmos na prática as funções estudadas e problematizar a questão da falta dos profissionais na composição das equipes administrativas desta Instituição Escolar.

1. A ADMINISTRAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES

O sucesso de uma instituição escolar é o aprendizado de qualidade para todos os alunos.

“A construção de uma escola de qualidade implica um trabalho coletivo de todos os que estão comprometidos com o processo de ensino-aprendizagem.” (Fischer e Mondini, 2008: 3)

Com estas autoras verificamos que não apenas o professor tem responsabilidade sobre o processo educativo de seus alunos. Ele necessita de toda uma estrutura funcionando afinada para lhe apoiar, criticar, sugerir, enfim, caminhar junto.

Nesta etapa de nossos estudos, estaremos atentando mais especificamente para o papel da administração escolar na construção de uma escola de qualidade.

Para tanto discorreremos sucintamente sobre o papel do diretor, coordenador e orientador no processo ensino-aprendizagem, tentando encontrar subsídios para o entendimento de cada função e as conseqüências da falta desses profissionais nas Instituições de Ensino.

1.1 A Direção

Na administração escolar a tarefa mais importante do gestor é implantar mudanças necessárias para que haja sucesso na aprendizagem. Manter os documentos em dia e várias outras questões burocráticas fazem parte do papel do diretor de uma instituição de ensino.

Porém, todas as situações que exigem tomadas de decisão pelo diretor, devem ser pensadas com o objetivo de melhoria da educação e com base em discussões com o restante dos atores da educação.

Uma de suas atribuições é chamar a equipe administrativa, o corpo docente, os pais e alunos, para a constituição do Plano Político Pedagógico e do Currículo Escolar em consonância com a legislação que regulamenta a educação nacional no que diz respeito à base comum, que é de caráter obrigatório, e a parte diversificada em conformidade com a cultura organizacional da comunidade escolar.

Em reportagem sobre a Gestão Escolar, a revista Nova Escola cita palavras de José Ernesto Bologna, dizendo que para ele “o diretor da escola é como um maestro: Ele rege a orquestra, mas suas mãos são ampliadas pelo grupo de especialistas que o rodeia".

Para a autora Lück (2007) “O diretor escolar é o responsável pela liderança, organização, monitoramento e avaliação de tudo que acontece na escola”.

Assim sendo, ao diretor compete, além da administração, desenvolver e aplicar práticas gerenciais a fim de atingir resultados positivos no processo ensino-aprendizagem.

Algumas das atitudes de um diretor de escola devem ser: estar aberto a novas idéias, estabelecer consensos em situações problemáticas que envolvam funcionários, professores e/ou alunos, ser empreendedor de atitudes inovadoras capazes de promover transformações dos paradigmas tradicionais visando sempre a melhoria e a qualidade na educação.

1.2 Coordenador Pedagógico

Segundo Augusto(2006): "O coordenador centraliza as conquistas do grupo e assegura que as boas idéias tenham continuidade".

Este profissional é responsável por garantir que haja espaço para a formação continuada dos professores de sua escola.

Também é tarefa do Coordenador Pedagógico dar assessoria aos docentes na execução do fazer pedagógico, centralizando as metas alcançadas do quadro docente mantendo-se aberto a propostas, oportunizando a fluidez de projetos a serem trabalhados a curto ou médio prazo que contribuam no desenvolvimento cognitivo, social e afetivo dos discentes.

Na falta de orientador educacional, cabe ao coordenador pedagógico acompanhar o desempenho dos educandos, buscando soluções técnico-científicas para dirimir as dificuldades de aprendizagem encontradas em uma turma ou mesmo evidenciar as razões psíquico-emocionais de alunos com problemas de relacionamento que não atingem aos objetivos propostos.

Além disso, fazem parte de suas habilidades, coordenar, organizar eventos e projetos interdisciplinares ou multidisciplinares a partir de temas transversais, orientar os pais quanto a aprendizagem dos seus filhos, assim como promover a interação escola – comunidade dentro do processo ensino-aprendizagem.

Sotter(2008) nos presenteia com um relato de sua experiência como coordenadora escolar e esclarece, que o trabalho como tal, não se restringe as competências legalmente atribuídas à função:

“(...)No dia-a-dia na escola fui percebendo que atuar como coordenadora pedagógica é realizar ações que vão além dos aspectos burocráticos e funcionais da escola, pois é nas relações, nas interações que a coordenação vai planejando e organizando a escola, exercendo um papel de representação dos diferentes grupos que circula, dos professores, dos pais, dos estudantes, da direção, das secretarias de ensino, entre outras.

Por fim, é de competência do coordenador pedagógico trabalhar pela edificação sólida do relacionamento educação e cultura, dar disposição ao resultado obtido das propostas dos professores quanto ao planejamento pedagógico, aos planos de ensino e avaliação da prática docente, organizar as práticas de ensino respeitando a necessidade e diversidade do grupo instituindo a união entre os agentes da educação estendendo o espaço educacional.

1.3 Orientador Educacional

O Orientador Educacional atua diretamente com o aluno, na percepção e análise de suas dificuldades, e evidenciando suas potencialidades, motivando-o na produção do conhecimento.

Este profissional deve detectar as dificuldades enfrentadas pelo aluno, que afetam o seu desempenho escolar, tais como as de relacionamento com colegas, professores, funcionários da escola, ou até membros da família, ou ainda pontualidade, problemas físicos e qualquer outro tipo de problema de origem social ou psicológica, servindo de mediador entre as relações, usando de argumentos psíquico-sociais na averiguação da problemática e traçando planos de ação que visem sanear as deficiências no processo educativo do discente.

Faz parte do seu trabalho, orientar o professor quanto a atitudes a serem tomadas, quando este detecta os déficits de um aluno, ou de um grupo destes. Ele estuda os casos e sugestiona ações para a dissolvência destas dificuldades, estabelecendo os critérios que proporcionarão a elevação da auto-estima dos educandos ou, os conscientizarão do que for necessário mudar.

Segundo Fischer e Mondini(2008), a atuação do Orientador Educacional de hoje, não mais é vista como ação somente diante de problemas de um ou outro aluno, e sim “(...) atinge toda a comunidade escolar, por meio do trabalho com alunos, familiares, professores, funcionários e equipe diretiva da qual faz parte.”.

Para a autora Lück(2007) a Orientação Educacional também é prevenção. É um processo contínuo, dinâmico, sistemático e integrado em todo o currículo escolar; também é um processo cooperativo e integrado em que todos os educadores assumem papel ativo e de relevância, e em que cada aluno é visto como ser global que deve desenvolver-se harmoniosamente em todos os seus aspectos: emocional, intelectual, físico, social, ético e profissional.

2. A EQUIPE ADMINISTRATIVA DA EMEI MUTIRÃO

Com o intuito de conhecer tais funções e competências na prática, voltamos a Escola Municipal de Educação Infantil Mutirão, onde já havíamos pesquisado artefatos culturais, e encontrado profissionais com os quais conversamos a respeito de seu surgimento, estrutura física e práticas pedagógicas no semestre anterior.

Nesta oportunidade verificamos que a escola não dispõe de Coordenador Pedagógico, nem de Orientador Educacional.

Em conversa com a diretora da escola em questão, colhemos suas concepções sobre as atribuições de um diretor. Quando questionada sobre suas funções e competências como diretora, a mesma respondeu:

“Administrar a escola, responder pela instituição, zelar pelo patrimônio público, controlar o devido uso da merenda escolar, acompanhar o rendimento escolar e a efetividade dos alunos, debater os problemas relacionados à educação, organizar e acompanhar as reuniões pedagógicas e as reuniões com os pais, participar de reuniões, palestras, colóquios, cursos de formação continuada, organizar festividades, integrar a família e a escola, assinar e despachar documentos, além de priorizar uma educação de qualidade.”

Constatamos que, pelo fato de na sua escola não haver os profissionais anteriormente citados, ela desempenha em partes papéis de diretora, coordenadora e orientadora.

Quanto ao trabalho do Orientador Escolar, parece estar implícito em algumas das atitudes da diretora, como “(...)acompanhar o rendimento escolar e a efetividade dos alunos,”. Embora a mesma só mencione desempenhar o papel de coordenadora: “(...)O diretor faz o papel de coordenador.”.

Além da diretora, foram entrevistadas duas professoras que atuam na escola. As mesmas demonstraram gostar do trabalho da diretora:

“Minha diretora atual é muito participativa, pois sempre colabora com idéias de planejamento, eu escolho os projetos, mas a diretora dá muitas idéias, ela é comprometida e compreensiva em situações diversas.” (Professora M)

“Meus diretores são participativos, dando opinião e idéias sobre projetos, e sempre estão abertos a sugestões.” (Professora D)

As entrevistadas nem se referiram ao Coordenador Pedagógico e Orientador Escolar, talvez pela falta de tais profissionais na escola em que atuam atualmente, ou quem sabe em toda a vida profissional.

Quando inquiridas sobre uma possível formação continuada, as mesmas responderam:

“Apenas leio livros, pois não tenho muito tempo para me dedicar aos estudos. Também assino revistas que falam sobre educação e isso me ajuda no meu trabalho.” (Professora D)

“Comecei um curso de libras, mas não consegui terminar pelo horário de trabalho muito extenso.” (Professora M)

Percebemos pela fala das professoras, a carência de uma Coordenação Pedagógica, no que se refere a lutar pela formação continuada do professor ainda que no próprio espaço escolar.

Em busca no portal do Ministério da Educação e Cultura, encontramos um programa chamado “Rede Nacional de Formação Continuada”. Para implementar tal programa, o MEC justifica que:

“(...)

· A formação continuada é exigência da atividade profissional no mundo atual;

· A formação continuada deve ter como referência a prática docente e o conhecimento teórico;

· A formação continuada vai além da oferta de cursos de atualização ou treinamento;

· A formação para ser continuada deve integrar-se no dia-a-dia da escola;

· A formação continuada é componente essencial da profissionalização docente.”

No entanto, não encontramos o nome de Santa Vitória do Palmar na lista de municípios do Estado do Rio Grande do Sul convocados a participarem desta “Rede”.

Logo, as deficiências na formação continuada das referidas professoras podem ser resultado de todo um sistema, e não devem ser avaliadas como somente culpa das próprias profissionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho, foi possível conhecer e refletir a respeito dos papéis de cada membro da Equipe Administrativa Escolar.

Percebemos lacunas na Escola Municipal de Educação Infantil Mutirão, quanto as funções de Orientador Escolar e Coordenador Pedagógico.

Embora a diretora pareça empenhar-se em desempenhar suas funções e ainda as funções dos profissionais de que a escola não dispõe, a falta deles é claramente percebida na falta de formação continuada do professor.

No entanto, desde que começamos a visitar a EMEI Mutirão, percebemos que embora as dificuldades enfrentadas pela deficiência de estrutura física, falta de recursos humanos, materiais, etc., a escola faz um trabalho diferenciado, tentando não apenas cuidar das crianças, mas educa-las.

Mesmo que não tenhamos feito um estudo aprofundado sobre quais problemas a escola enfrenta possivelmente conseqüentes de uma equipe administrativa de um só componente, os estudos durante a disciplina de Estágios II, nos possibilitam uma reflexão a respeito do tema, e de quão mais efetiva poderia ser a atuação da referida diretora, se contasse com uma equipe a lhe apoiar e interagir na troca de idéias.

Uma das idéias de Lück (2007) “A qualidade da educação é resultado de um conjunto de fatores internos e externos à escola.”. Portanto, passo a passo, vamos conhecendo a Instituição Escolar, seu contexto, seus problemas provocados por fatores externos ou internos, suas lutas e seu possível empenho pela tão sonhada “Educação de qualidade”, que também é o objetivo de nossa formação enquanto pedagogas.



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